Zé Brasil

Zé Brasil já viu a guerra pela televisão
E se abrisse a porta, ele estava no meio
Já entrou na padaria, com medo de raspão
Zé Brasil conhece a arma pelo som do tiroteio

Já teve que rezar pro juízo final
Para não morrer, aprendeu a ter calma
Zé Brasil já foi julgado como um marginal
O caveirão já subiu, pedindo sua alma

Todo dia é tratado como um CPF
Zé Brasil não compra a paz
Com um contra-cheque
É só mais um rapaz.
Que não reclama e faz.
Pro Zé Brasil não mudou nada
O país no G7

Seu filho chega em casa.
– Filho vai brincar.
Seu pai não teve chance
De fazer no seu lugar.
Trabalha desde os 12.
Casou por amor.
Estudou até a quarta.
Nunca foi ao redentor.

Zé Brasil está moldando o seu caixão.
Sem aposentadoria, na guerra, e sem divã.
Zé Brasil vai torcer para a seleção.
Enquanto a paz relativa é só no Maracanã.

Zé Brasil vê a marcha da maconha.
Tem opinião formada sobre aborto.
Não quer saber sobre o final da novela.
Zé Brasil só não quer ver seu filho morto.

    • Isabella
    • 17 de janeiro de 2012

    Facilidade absurda com as palavras, muito bom mesmo! Invejinha de saber escrever assim hahahaha 😀

  1. 29 de maio de 2013

Deixe um comentário